Para juristas e advogados, uma Justiça mais acessível para todos é fundamental para a garantia dos direitos humanos
Por Thais Queiroz
Está na Constituição de 1988, logo em seu início (Art. 3º):
Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
32 anos depois, podemos afirmar que estas garantias fundamentais estão a pleno vigor no Brasil? Ainda há um longo caminho a percorrer. “Um dos principais papéis da Justiça na promoção da igualdade social é garantir e efetivar a Constituição. Nela, mantém-se os direitos sociais, como educação, saúde e previdência públicas, entre outros, como forma de o Estado prover a todos, uma existência minimamente digna“, afirma o Juiz de Direito Dalmir Franklin de Oliveira Júnior.
Mas para que isso seja possível, primeiro é necessário que a população tenha um acesso fácil ao Poder Judiciário e à Justiça – um direito fundamental previsto no inciso XXXV do Artigo 5º da Constituição Federal de 1988.
Por mais que este seja um direito garantido em nossa atual Constituição Federal, O Índice de Confiança na Justiça Brasileira (ICJBrasil), pesquisa promovida pela Fundação Getúlio Vargas, constata que quase ¾ da população acredita que o Judiciário é lento, caro e difícil de utilizar. Cabe ao Estado oferecer mais formas de acesso à justiça aos cidadãos e educá-los para utilizar as formas de acesso que já existem. Podemos dizer que a desigualdade social é o principal entrave para que a Justiça atue de forma eficaz.
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Uma das ferramentas fundamentais para tornar a Justiça mais acessível é a advocacia popular.
EM DEFESA DO DIREITO À LUTA
A Advocacia Popular trata-se de um segmento do Direito em defesa dos direitos de grupos socialmente vulneráveis, assessorando diversos movimentos sociais. Entre as principais pautas estão a erradicação do racismo, machismo, violência contra a população LGBTQI+, pessoas em situação de rua, em favor da moradia digna e de sistemas menos punitivos. O objetivo? A defesa de uma sociedade mais justa e com menos desigualdades sociais.
Em Pernambuco, a OAB conta com uma comissão de Advocacia Popular. Além disso há movimentos da sociedade civil como o Centro Popular de Direitos Humanos – CPDH e o Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares – GAJOP.
O advogado Renan Resende da Cunha Castro atua desde 2013 na advocacia popular e faz parte do CPDH. Ele conta que vê o Direito como um instrumento de emancipação e por isso passou a usar o seu conhecimento para ajudar a empoderar povos historicamente oprimidos. “Na minha visão a Justiça é, em primeiro lugar, colocar cada lugar na sua coisa; dar a cada uma aquilo que lhe cabe. É, sobretudo, afirmar a realidade e a potência da vida acima de qualquer coisa“, afirma.